quinta-feira, 2 de novembro de 2017

Daquela garota

A.M.J foi uma das melhores pessoas que eu já conheci na vida. E eu não estou dizendo isso porque ele não está mais aqui. Ele chegou de um jeito que até hoje não consigo acreditar, foi coisa de Deus. Vou te contar uma história, posso?

Há 4 anos, na biblioteca municipal de Serra Talhada, dois jovens enquanto estudavam sentiram a presença um do outro, apesar de estarem um pouco distantes. Ele estudava Direito e ela estudava biologia ainda do ensino médio. Ambos se olharam, trocaram sorrisos tímidos e a mágica aconteceu. A mesma cena se repetiu a semana inteira, mas nenhum tinha a iniciativa de falar com o outro. Na próxima, os dois sozinhos foi que aconteceu o primeiro “Oi” de longe e ele resolveu tomar a iniciativa e chamar aquela pequena garota para sentar ao seu lado na mesa. Conversaram sobre coisas que hoje em dia não se fala muito. A sintonia foi tão grande que ele para não perder aquela garota logo colocou seu e-mail em um papel junto da senha, para que ela entendesse que ele havia a escolhido para ele. Ela brincou sobre a senha e apagou sem prestar muita atenção. Ficou somente com o e-mail e o adicionou no Facebook. Eles conversaram novamente durante várias semanas até que resolveram se encontrar. Mesmo todos os dias ele dizendo o quanto a falta da presença dela era sentida todos os dias na biblioteca, ela não acreditava muito. Tão nova, porém, tão receosa aquela menina. Em uma noite ele ligou para ela e disse que ia ao seu encontro. A menina disse onde estava, ficou nervosa e começou a se ajeitar. Tão encabulada que quando ele ligou para ela dizendo que estava perto e pediu para ela olhar para cima, ela olhou literalmente para o teto da lanchonete que se encontrava (coisas que só acontecem com ela-risos). Apesar do vexame, os dois sorriram a noite inteira desse fato. Beijaram-se três vezes e a moça teve que partir. Daquele dia em diante os dois sabiam que não iam conseguir mais passar tanto tempo separados. Continuaram tendo contato e no meio de tantas mensagens, ligações e encontros na praça Matriz aconteceu dela se apaixonar muito por ele e ele também gostar muito dela. Ele a segurava no colo, eles saiam para comer, se divertiam. Era como se ela o controlasse de certa forma e ele a deixava mais segura quando estavam juntos. Todos os dias iam se encontrar e era como se a cada dia as forças, o carinho, a atenção e o ciúme se renovasse. Não era como esses relacionamentos de hoje em dia, sabe? Eles estavam bem, e quando não estavam, davam um jeito de ficar. Porque a única preocupação que tinham naquele tempo e naquelas circunstâncias era se amanhã iam se ver mais cedo ou mais tarde da noite. Então, passaram-se 8 meses e a vontade de estar perto, de cuidar, de fazer carinho só aumentava. Ele chamava aquela moça de namorada, mas ela não sabia exatamente se era isso, tola, tão insegura que deixou isso passar. Depois ele viajou em um congresso da faculdade e ficou diferente, talvez tenha sido só impressão dela, mas ela sentia como se tivesse perdendo ele aos poucos. Ele disse que estava cuidando do futuro deles, e ela não acreditou, tão tola que novamente deixou aquilo passar.  Ela sempre achou as atitudes dele muito fofas e achava ele o cara mais foda que já conheceu. Eles aproveitaram muito o tempo que passaram juntos, sem dúvidas aquele casal era o melhor. Depois que ela achou ele mais distante, ela resolveu também se distanciar. Quase um mês do distanciamento ele liga para ela com a novidade que estava usando aparelho, que estava muito corrido, por causa da faculdade. Pediu desculpas, falou que estava com saudades da garota dele e disse que estava em uma festa, mas que depois falaria com ela direito e explicava tudo.
Uns dias depois, uma colega dela chega para lhe contar que aquele rapaz que estava com ela e que ela havia conhecido tinha sofrido um acidente na madrugada anterior e não havia sobrevivido. No entanto, ela não acreditou de início e foi no Facebook verificar. Eram tantas mensagens de LUTO que ela não conseguia ler uma palavra sem chorar. Como eles se encontravam sem a família dela saber, ela saiu rápido para ir olhar o seu corpo, e quando o viu o seu chão desmoronou e ela nunca mais foi a mesma desde então.
Conheceu novos caras, viveu novas experiências, mas é como se nenhum fosse o bastante para ela. Não há um dia sequer que aquela garota não pense nele e no que eles passaram. Não há um dia que ela não escreva sobre saudade com alguém para tentar mostrar ao mundo que a pior saudade é aquela que a gente sente de alguém que não pôde se despedir. Ela ainda o ama e vai continuar amando. Ele foi um presente de Deus na vida dela e ela hoje escreve para as pessoas sobre saudades sempre pensando na maior saudade da vida dela.


-Daquela Garota-

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